quarta-feira, 25 de março de 2009

Tome partido!

Circula na Internet farto material fotográfico comparando o chamado holocausto perpetrado contra os judeus, pelos nazistas, durante a II Grande Guerra, com o que está sendo também praticado, em nossos dias, pelos netos daqueles que sobreviveram aos campos de concentração contra o povo palestino, em particular agora recentemente com a invasão da Faixa de Gaza.
As fotos são chocantes. As gerações, como a nossa, que se cansou de ver e chorar aquelas atrocidades praticadas pelos nazistas, não pode deixar de se questionar qual o motivo de que barbaridades similares sejam praticadas por Israel contra os palestinos.
Frente à indiferença da maioria absoluta dos governos do ocidente, ocorre-nos um possível desmentido da máxima de Marx, a qual rezava: Na história os fatos ocorrem primeiro em forma de tragédia, para se repetir depois em forma de farsa. Sim, porque fica parecendo que da primeira vez se deu em forma de farsa e agora se repete em forma de uma tragédia sem precedentes, uma vez que é executada – e até compreendida por governos de países que se dizem democráticos – em nome da liberdade e, portanto, da civilização contra a barbárie.
Frente a tanto absurdo, ocorrem-nos os versos candentes de nosso poeta maior, Castro Alves, quando dizia: Senhor Deus dos desgraçados/ dizei-me vós, senhor Deus/ Se é loucura... se é verdade/ Tanto horror perante os céus.
E que não nos venham com argumento de luta contra o terrorismo, porque nos ocorre a história do “Nós, quem, cara-pálida?”, ou seja, qual terrorismo, cara-pálida? Até mesmo porque o gigante Golias está no lado errado, consequentemente o Davi está do lado dos palestinos.
Ao pensar nessa incongruência, lembra-nos as palavras de um conhecido escritor romeno, Elie Wiesel, por sinal judeu, que diz “Tome partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o algoz, nunca o oprimido”.
Vendo que o principal responsável pelos crimes que o governo de Israel – com o apoio quase total da população de judeus, netos dos sobreviventes do holocausto – são justamente os Estados Unidos, país que supostamente possui a mais perfeita democracia do mundo, sem esquecer o silêncio cúmplice dos europeus –, não desejando calar-nos, porque há momentos em que calar-se significa mentir, como o disse Unamuno, protestamos. E ao protestarmos, de posse de toda a perplexidade que possa caber no coração humano, desejando tomar partido para não encorajar os algozes, só podemos retornar a Castro Alves.
Existe um povo que a bandeira empresta/ para cobrir tanta infâmia e covardia/ ....... Meu Deus! Meu Deus! Que bandeira é essa? Que impudente na gávea tripudia?!...
E para concluir, ainda usando as palavras do nosso poeta maior, lançamos esse grito de dor: Antes te houvessem roto na batalha/Que servires a um povo de mortalha.

Arakem vaz galvao

Um comentário:

  1. "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."
    Martin Luther King

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